29 de outubro de 2010

Selo Prémio Dardos

Recebi este selo “Prémio Dardos” do blog Infinito Particular da querida amiga Malu, que me acompanha desde o outro blog, uma seguidora muito fiel, sempre com muito carinho em suas palavras deixadas. Deixo aqui a definição do significado do selo com as palavras que estavam em seu blog:

“O prémio Dardos é o reconhecimento do ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc… que em suma demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras e suas palavras”

Regras:

1. exibir selo no blog (já está)
2. colocar o link do blog que o indicou (já está)
3. indicar 10, 15 ou 30 blogues e avisar

Como este meu blog é recente deixo em primeiro lugar para os 4 blogs que me seguem e escolhi mais 3 dos últimos comentários:
BlueAngel
Menina do Cantinho
PnS
Santo&Pecador
Moonlight
RosaSolidão
Yin

Sinto...

Saudade,
no meio do peito semeada,
aconchegada nos meus braços
sinto-a tão perto,
tão sufocante
esta vontade de voltar a sentir…
um afago em meus cabelos
uma voz doce em meus ouvidos
um carinho dum abraço
um amor!
Fecho os olhos…
e invento sorrisos,
laços de cetim em palavras incertas
e deixo-me ir…
na paixão sonhada
contida na imaginação do fogo
que queima nas entranhas do ser!
Dentro de mim
há um abismo, um vazio
que não pode ser visto
nem tocado
de uma profundidade não calculada!
E se busco em mim mesma
encontro o nada,
a loucura,
o medo,
o silêncio,
a ausência de mim…

27 de outubro de 2010

Silêncio

"Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem. "

Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"

É tempo...

É tempo de arrumar a casa…
Baixar as asas, encostar-me nas paredes brancas…
É tempo de deitar fora as roupas velhas…
Escolher o que sobrou de melhor…
É tempo de olhar em frente…
E levar na mala os cacos partidos para voltar a colar…
É tempo de secar as lágrimas…
E deixar que a dor tome o rumo certo…
É tempo…

26 de outubro de 2010

Nunca é tarde!

Somos pontos únicos no universo que roda em torno de nós, numa viagem solitária, nesta busca incansável de sermos felizes, muitas vezes temos a felicidade de encontrar alguém que nos acompanha nessa viagem, com um caminho em tudo semelhante ao nosso, onde cruza constantemente connosco, e junta as suas necessidades às nossas, os seus desejos, se mistura e funde no nosso sentir, e torna a viagem numa subida ao céu, tornando todos os obstáculos que nos vão aparecendo pelo caminho mais fáceis de ultrapassar, e nos dá a mão no nosso levantar constante nesta aprendizagem que é a vida… mas muitas vezes, e nem sabemos por que regras se rege o destino, andamos a vida toda a tentar cruzar com alguém que erradamente não se cruza no nosso caminho, mas que insistimos em querer, desejar para nós, trazendo infelicidade, em vez de alegria, e com o tempo, o hábito acaba por levar-nos por caminhos que nunca desejamos, e aos quais parecemos presos para sempre, e pensamos que agora já é tarde para… mas nunca é tarde para se ser feliz, para mudar o curso das nossas vidas, para começar de novo, embora para isso seja preciso imensa coragem, seja preciso romper não só os laços que temos, mas os vínculos que nos amarram à nossa consciência, aos nossos valores, que estão diariamente a ser postos em causa, aos preconceitos da sociedade em que vivemos, que se rege por padrões demasiado rígidos e pouco flexíveis. Há que olhar para nós, e por nós próprios porque ninguém mais o fará, para sermos verdadeiramente felizes!

25 de outubro de 2010

Apenas aqui...

 Aqui,
onde jazem palavras,
gritos, sorrisos,
choros
e suspiros da minha alma,
onde morre a esperança,
onde volta a nascer,
onde...
me sinto só,
contigo, na ponta dos meus dedos
onde pinto...
as canções  das estrelas 
que abrilhantam o meu céu,
onde pinto...
de luar os meus dias sem cor
e sem sentido
onde morrem...
as palavras que vão construindo
o sangue que circula
na minha mente,
onde me deparo comigo
num espelho sem reflexo,
onde as lágrimas
que se escapam pelos cantos dos olhos
vão descendo até cair...

24 de outubro de 2010

Do silêncio...

 Aqui no silêncio das minhas palavras deixo-me ficar... nesta pausa do nada arrasto-me lentamente, só com os meus pensamentos, em turbilhão, um reboliço de emoções que me prendem ao presente, me levam ao passado, e me transportam para o futuro… sem saber em que tempo ficar, sem me deter no tempo que parece que já não tem tempo de acontecer, sem saber ou perceber o que este me quer dizer… e do silêncio emergem as imagens de um eu diferente, num espaço de cortar a respiração, de deixar um nó na garganta sem saber como desata-lo… sinto-me presa numa teia de sentimentos, entre ir ou ficar, entre deixar de ser e voltar a nascer, num sentimento de culpa pelo sofrimento que causo pela minha passagem, sem forma de voltar a colocar as peças no seu devido lugar... procuro-me e parece que tantas vezes não me vejo dentro de mim, deixei-me ir com as lágrimas da solidão que serpenteiam o meu espírito, e adormecem a alma, cansada de viver aqui dentro, num anseio desmedido de deixar-me partir... 

20 de outubro de 2010

Voltar a ser...

Desenho-te na ponta dos meus dedos, onde mora a saudade e o desejo… longe do olhar perdido, na imensidão das horas mortas, dos minutos contados no tempo esquecido, na esperança vã de te voltar a ter, e sentir… percorro-te por entre as letras do infinito, em acordes tacteados pela emoção deixada pelos gritos da tua voz, pelo toque silencioso das palavras incendiadas de paixão… fecho os olhos e sinto-te nos beijos que deixaste suavemente espalhados pelo meu corpo, num arrepio único de prazer, esperando alcançar o sonho distante da imaginação… acordaste em mim vozes adormecidas do passado descolorido, e na alma plantaste de novo uma vontade de voltar a voar sem limites na magia de apenas ser, esquecendo-me de acordar…

Eu quisera...

 “Eu quisera que encontrasses
nos meus olhos todas as respostas
que não te sei dizer.
Eu quisera não precisar de palavras
para que compreendesses
todos os meus pensamentos.
Eu quisera que tivesses
a total segurança de que sempre
e seja como for, estarei a teu lado.
Eu quisera que procurasses
dentro de mim tudo o que ainda
não consegui encontrar.
Eu quisera que estivesses
realmente seguro
de que és tudo para mim.
Eu quisera que todo o meu ser
não tivesse um só segredo para ti.
Eu quisera muitas coisas
mas resumindo
eu só quero
que tu me queiras.”

Iyad Bem Almed

19 de outubro de 2010

A dor...

Aquela que arrepia a alma, amordaça a fala, embacia o olhar, entorpece os sentidos, os ramos de que são compostos os pilares da emoção… aquela que ronda suave e apaixonadamente a presa até ao momento de lhe saltar para cima, sem dar hipóteses de resistência, de fugir ao seu encalço…aquela que estremece as noites quentes de verão, quando o inverno invade as nuvens do sonho e da fantasia, numa trovoada sonante, capaz de ensurdeceder as vozes uivantes do corpo dorido, que se estatela duramente no chão… a dor, o incontrolável fel, que sem permitirmos, se alastra rapidamente por cada centímetro de pele numa erupção incandescente, estraçalhando todos os caminhos curvilíneos do coração, que pulsa num ritmo acelerado, sem parar para descansar… aquela que em soluços transbordantes, como um rio que sobe as margens, rebenta em torrentes cristalinas, e num abraço apertado, chega a doer no corpo o que circula apenas nas veias da mente…

18 de outubro de 2010

Um dia...

Um dia fomos assim
juntos, unidos
dois corpos
e uma só alma
em juras de amor eterno,
nos teus abraços,
nos teus beijos,
no teu amor imenso…
aprendi a amar,
a dar, a tocar, a sentir
Um dia acabamos assim
separados, afastados
vencidos pela rotina,
em dois corpos
almas separadas
longe, apartadas do amor
em palavras duras trocadas
e perdi-me de mim,
de ti,
de nós,
do sentimento que me habitava…

16 de outubro de 2010

Deixa-me voltar a ser...

Deixa-me ficar nesta melancolia
devastada, surda
dentro do peito, que se agiganta
e percorre o corpo inerte
cansado
de debater-se nas trevas da desilusão
nas noites cheias de vazio
na incessante busca de esperança
de num olhar apenas
voltar a encontrar-se…
Deixa-me voltar a ser,
na paixão embriagar-me
no doce sabor dos teus lábios
que se encontram em beijos
devagarinho,
quentes, húmidos,
reconhecendo-se na maciez
da fome saciada
no toque suave dos teus dedos…
Deixa-me falar-te baixinho,
mesmo que distante, no silêncio
sem palavras inventadas, demoradas
bailando ao vento
retocadas na esperança de te voltar
a sentir…
aqui, neste recanto fechado, escondido
sem que saibas onde me invento,
e renasço novamente para ti…

15 de outubro de 2010

O tempo...

"O tempo está para o amor como o vento para os incêndios. Alastra repentinamente, traiçoeiro e sem aviso, vai para lugares onde nunca pensamos que pudesse sequer chegar, faz-nos tremer, sofrer, rezar, dá-nos vontade de lutar para o combater, porque não sabemos para onde vamos, o que queremos nem se seremos os mesmos depois do fim... e por isso receamos o fim antes mesmo do princípio, imaginamos cenários apocalípticos para proteger o coração cansado e errante que não quer ainda, apesar de tudo, parar para pensar ou escolher um lugar.

O tempo está para o amor como está para tudo o resto na vida. É o tempo que nos dá maturidade, que nos ensina a distinguir o que é urgente daquilo que é mesmo importante, que nos mostra onde estão os verdadeiros amigos, que nos dita quais os princípios pelos quais nos regemos e como deveremos lidar com as nossas fraquezas. O tempo ensina-nos a viver com os nossos defeitos e a respeitar as diferenças dos outros. Dá-nos sabedoria, tolerância, paciência, distância, objectividade, clareza mental. Afasta as dúvidas e as hesitações. Poupa-nos de decepções e enganos. Abre-nos os olhos quando somos os únicos a não ver. E dá-nos força para continuar, mesmo que o amor seja uma ausência, uma perda, uma falta, uma desilusão.


Mas o amor está para o tempo como uma vela acesa numa noite de luar. O amor é trémulo, impaciente, frágil, volúvel, fraco, fácil de acender.O amor abre o coração, desprotege o espírito, acorda o corpo e aquece a alma. Pode nascer de um olhar mais longo, de uma conversa à mesa, de um passeio à beira-mar, da simples passagem da palma de uma mão por uma cintura desprevenida. Não tem regras, nem tempo, nem cores, porque não tem limites, nem compassos nem contornos.

O verdadeiro amor é absoluto, indestrutível, estóico, inflexível na sua essência e tolerante na sua vivência, discreto, sóbrio, contido, reservado, escondido, recatado, amadurecido, desejado, incondicional, amargurado, sagrado, sobressaltado. O verdadeiro amor é delicado, bom ouvinte, cúmplice, fiel sem ser servil, atento sem se impor, carinhoso sem cobrar, atencioso sem sufocar e muito, muito cuidadoso para nunca se perder, se estragar, se esquecer ou desvirtuar. O segredo está no tempero, na moderação, nas palavras que nunca se chegam a dizer, nas conversas perdidas à beira do rio, no olhar que fica no ar, no tempo que é preciso dar para que cresça, amadureça e deixe de meter medo. É preciso dar tempo ao amor, um tempo sem tempo, sem datas nem prazos, sem exigências nem queixas, porque o amor leva o tempo que for preciso."


In As Crónicas de Margarida de Margarida Rebelo Pinto

14 de outubro de 2010

Uma última vez...

Uma ausência de ti,
mãos vazias de sentimentos
arrojados, ardentes
que atravessam a alma
num desejo final
de sentir-te mais uma vez...
Uma paixão incontrolável,
desenfreada, sem dono
sem inicio nem fim
onde ardem os desejos carnais
de sentir as tuas mãos
desenhar figuras imaginadas
no meu corpo nu...
Um sentir sem razão,
sem pudor, sem medo
sem sentidos,
atordoado pelo sonho,
na beira do parapeito do amor...
Toca-me uma vez mais!...
Beija-me!...
Como se fosse a última vez,
para apagar a amargura
largada, deixada
pelo silêncio das palavras,
pela ausência
dos gestos desejados
da tua presença em mim...
Abraça-me
a alma, mais do que a carne
que em desespero
se sente só,
deixa-me voltar a provar
o sabor dos teus beijos
negados, recolhidos
no desespero, na tristeza
do teu olhar,
e sussura-me palavras baixinho
que me levem de volta
ao passado!...

13 de outubro de 2010

Reflexos!

Buscamos respostas nos silêncios que se entrepõem entre as formas singulares que nos cruzam os caminhos, desenhados na imaginação do olhar desperto, vivo e diferente a cada passo dado na nossa existência, tentamos arranjar desculpas para as nossas acções mais imperfeitas, mas raramente servem de consolo para a nossa (in)felicidade, tratamos o mundo por tu, como se se tratasse das linhas mal definidas das palmas vazias da nossas mãos, olhamos nos olhos dos desconhecidos que cruzam a esfera da nossa existência e perguntamos qual o nosso lugar no centro do mundo que é o nosso, pensamos sempre que nada nos pode atingir, somos invioláveis, impenetráveis como ilhas perdidas no meio do oceano, crateras secas de onde nada pode emergir, mas no fundo bem no fundo da alma, somos frágeis que nem cristal, que ao primeiro toque descuidado se estrilhaça no chão e se desfaz em mil minúsculos pedaços, dificeis de voltar a ser o todo que nos compôe, e a cada queda corresponde uma nova forma de pedaços colados, onde as fissuras se sentem num leve toque de dedos, onde os pingos de cola mal aplicada sobressaiem em relevos internos, voltando a partir pelas mesmos estilhaços num novo confronto com o futuro. Somos aos olhos dos outros o que os outros são para nós, reflexos de nós espelhados no olhar virtual dos nossos sentimentos, que se entrelaçam em nossa vida, pintados de cores claras, imperceptiveis aos olhares mais distraídos.

Fingir...

"Fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro do corpo, gritos desesperados sob as conversas. 
Fingir que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós olhamos-nos.
Fingir que está tudo bem: o sangue a ferver sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer? pergunto dentro de mim: será que vou morrer? Olhas-me e só tu sabes: ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer: amor e morte.
Fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga."
José Luis Peixoto

12 de outubro de 2010

Flash back

Tantas vezes queremos não ter razão, queremos passar despercebidas pela vida, como se dela nem fizéssemos parte, queremos esquecer que aquela vida não é nossa, que não nos pertence, apenas a vemos de longe, como meros observadores, à distância, mirando o horizonte da linha ténue dos acontecimentos passados sem pensar, deixando-a passar lentamente por nós em passo de tartaruga, na tentativa de adiarmos mais um pouco o fim que se aproxima dia a dia... e outras vezes, num acesso de raiva tomamos-lhe o pulso, e fazemos girar o mundo tão rápido que nem damos conta que passaram os anos à velocidade luz, com tamanha força que jamais teremos hipótese de os reaver, apenas recorda-los com olhar de soslaio, numa brecha instantânea onde o presente fez uma pausa para nos murmurar que passaram tantos e muitos anos, e ainda teremos ou não outros tantos, para viver, e recordar...

11 de outubro de 2010

Um delírio...

Imagino-me entre os dedos do passado, no sabor da tua boca sôfrega que me buscava no escuro das ternas preces do presente desembrulhado… percorro-te por entre as nuvens do sonho inventado pela paixão incontrolável que me vencia, arrebatava no desespero dos corpos sedentos por amar… numa entrega sem medo, na busca do desconhecido, na realidade que fugia nas sombras que se desenhavam ao luar!
Invento-te na esfera dos meus pensamentos, no balanço da alma despida, nua de vergonha, exposta ao êxtase... entre as pernas do destino mal escrito nas cinzas da loucura, da insanidade emocional, da confusão das palavras por dizer, imaginadas num olhar trocado!
Perco-me nas imagens das caricias trocadas, nos beijos calados pousados em teus lábios... no percorrer manso das sensações ensaboradas pela fantasia dum delírio!...

9 de outubro de 2010

Tocando no passado...

Não te escreverei palavras falsas
nem tão pouco uma carta prolongada
Eu só quero mesmo, em poucas palavras,
te dizer que me sinto uma felizarda
de achar alguém especial e iluminado
para merecer todo esse amor
que me tens dedicado
Ah! És aquele sonho sonhado!
Que se tornou realidade!...

O Amor e a Morte



"Canção cruel

Corpo de ânsia.
Eu sonhei que te prostrava,
E te enleava
Aos meus músculos!

Olhos de êxtase,
Eu sonhei que em vós bebia
Melancolia
De há séculos!

Boca sôfrega,
Rosa brava
Eu sonhei que te esfolhava
Pétala a pétala!

Seios rígidos,
Eu sonhei que vos mordia
Até que sentia
Vómitos!

Ventre de mármore,
Eu sonhei que te sugava,
E esgotava
Como a um cálice!

Pernas de estátua,
Eu sonhei que vos abria,
Na fantasia,
Como pórticos!

Pés de sílfide,
Eu sonhei que vos queimava
Na lava
Destas mãos ávidas!

Corpo de ânsia,
Flor de volúpia sem lei!
Não te apagues, sonho! mata-me
Como eu sonhei."

José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo'

8 de outubro de 2010

Viajo!


Viajo…
nas palavras soltas
no som surdo do horizonte
nas cores vivas do canto dos pássaros
Viajo…
nos desejos…
que tocam a ponta dos meus dedos
nas sensações do renascer da aurora
nas imagens desenhadas pelo luar encantado
Viajo…
para lá de mim…
num leve piscar de olhos
no cintilar do vento
no brilho do silêncio outonal
Viajo…
de olhos fechados…
na magia de sonhar…

O amor...

"Fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre
sem motivo, me diz que não sabe o que é o amor.
Eu sei exactamente o que é o amor.

O amor é saber
que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer.
O amor é saber que vamos perdoar tudo a essa parte
de nós que não é nossa.

O amor é sermos fracos.
O amor é ter medo e querer morrer."


In “A Criança Em Ruínas”, José Luís Peixoto

A fina distância...

Entre todos os sentimentos que podemos sentir, amar é de longe o que nos move no dia a dia... esperamos a vida toda para encontrar aquela pessoa... e muitas vezes está do nosso lado e não a vemos, mas muitas vezes, esteve sempre ali alguém que não é o que esperavamos... sonhamos tanto com alguém tão nitidamente, com todos os contornos, que nos esquecemos que muitas vezes estamos a olhar para a pessoa que idealizamos e não para quem realmente está na nossa frente... olhamos e não vemos... olhamos e vemos o nosso sonho reflectido naquela pessoa, ao invés da pessoa em si... e um dia deparamo-nos com a fria realidade de que afinal estavamos adormecidos, estavamos embriagados pelo sonho, pela magia do que sentimos... há que acordar, e ver mais fundo, deixar o sonho um pouco de lado, e ver quem está do nosso lado com olhar de criança, porque estas nunca se enganam... vêm com o coração, para além das palavras, para além das máscaras que normalmente utilizamos. Claro, há quem não seja transparente, e nos iluda, nos leve a pensar em algo que não existe, e um dia quando o castelo de cartas se desmorona, sentimo-nos roubados da esperança de voltarmos ao inicio, de voltarmos a tentar encontrar esse alguém... e todo o sentimento de amor que possamos sentir por essa pessoa se transforma num quase ódio, que nos preenche os dias de dor e sofrimento, não nos deixando quase visualizar mais nada... ficando uma fina dor constante em nossa alma, sempre presente... anulando todos os sonhos que um dia nos encheram o coração.

7 de outubro de 2010

Há um tempo...


Há um tempo de parar...
Há um tempo de voltar a andar...
Lentamente... silenciosamente...
Como quem deseja não acordar a vida...
Parada, quieta...
Nostalgica na sua forma de ser...
Há um tempo de recuar...
Há um tempo de avançar...
Calmamente...
Sem palavras, sem silêncios...
Fechando os olhos e deixar-se ir...
Nos sonhos adormecidos...
Nas horas paradas... que se perdem no tempo...
Há um tempo para tudo deixar... e tudo guardar...

6 de outubro de 2010

Recordar o passado...


"Quero todo o teu espaço
e todo o teu tempo
Quero todas as tuas horas
e todos os teus beijos
Quero toda a tua noite
e todo o teu silêncio
Quero toda a tua sede
e todo o teu fogo
Quero todos os teus astros
e todo o teu céu
Quero todos os teus anjos
e todas as tuas asas
Quero todo o teu sol
e toda a tua alvorada
Quero todo o teu mar
e todo o teu barco
Quero todo o teu tudo
e todo o teu nada."

Emílio Breda

5 de outubro de 2010

Dor da saudade


Atravessando a dor
Rasgando os versos do passado
Procurando-me no avesso de mim
Seguindo por caminhos ocultos
No desespero de te perder
Caminhando…
Sobre as sombras do passado
Sobre as recordações de nós
Do que fomos… e do que poderíamos ser!
Sentindo saudades…
Da mão que não aperta mais a minha
Da boca que me beijava ardentemente
Do olhar que me enchia a alma
Nas horas de solidão e carência…
Percorremos…
Um caminho tortuoso
De segredos partilhados entre silêncios
Palavras, carícias… numa paixão
Idealizada nos sonhos por inventar
E desfeita no vento do ilusão…

3 de outubro de 2010

No silêncio...

Quando as palavras jorram como água dentro de mim e não encontram lugar para parar, volto aqui e deixo que fiquem quietas, silenciosas, paradas no tempo, sem dizer o que realmente significam… sinto-me mais viva que nunca, e no entanto estou a morrer por dentro, aos poucos como uma sombra que se esvai ao por do sol… cai a noite e ela condiz tão bem comigo, tão bem com o estado hipnótico e sombrio em que me encontro… levo anos a proteger-me do mundo, a curar feridas, e limpar cicatrizes e no dia em que decido abrir ao mundo uma parte de mim, ele vem provar mais uma vez as teorias já gastas pelo tempo, aquelas que nunca quis acreditar que existem, que nos tapam o entendimento e nos desfocam o olhar… quero voltar a ver a luz do dia como antes, como quando tinha a certeza de ser feliz dentro da minha solidão mansa, mas segura… transformaste a minha vida, encheste-me o olhar de incertezas certas… adoçaste um chá de limão como quem rega um jardim por florir e fugiste pelo horizonte da ilusão, assim de repente...
deixando um rasto de amargura...

Sentindo...

Olhava o passado
Fugia de mim
Corria no tempo parado da memória
Tentava encontrar-me
Olhei de frente e vi-te…
Pousaste em mim as tuas palavras
O teu sentir tão forte
Rodeaste-me de mimos
Carícias e sussurros doces…
Deixei-me embarcar no sonho
Na fantasia…
Na esperança da ilusão esperada
Juntamos tristezas
Percorremos um caminho incerto
Da loucura
Da atracção
Da paixão
E sem retorno abandonei-me a ti
Num espiral de emoções
Sem pensar
Sem olhar em frente
Sem medo
Apenas querendo-te...
Apenas sentindo-te...

Pingos de cristal...

Cada palavra do meu sentir
Se transforma em lágrima escorrida
Cada silêncio teu
Se transforma numa dor infinita
Cada olhar relembrado
Adormece a minha alma
Cada gesto teu
Se transforma numa carícia
Cada frase dita e não calada
Se rasga no véu da ilusão…

2 de outubro de 2010

Voltar a caminhar...


Todos os dias nos acontecem coisas que nos fazem pensar, reflectir no que andamos a fazer no mundo... e o que temos e o que nos falta, sentimos amor, raiva, ódio, paixão, carinho, amizade... uma imensidão de sentimentos que nos povoam a alma, nos fazem seguir esta ou aquela direcção, nos mostram um novo caminho, uma nova forma de ver as coisas... e porque recentemente algo me fez repensar a minha vida, aqui deixo o testemunho da minha aprendizagem. Quando encaramos de frente a vida, e pensamos porque estamos envolvidos em algo que o universo nos apresenta pela frente, penso sempre que tem de existir uma razão para isso... muitas vezes nem damos conta de que o que estamos a viver nos está a conduzir num caminho para o qual não olhavamos antes... mas quando o destino nos mostra a lição inteira, ficamos a entender melhor a razão de tudo. Quando estamos envolvidos, pensamos porque a mim... porque me vejo enrolada nesta ou naquela situação, e não noutra... porque cruzam determinadas pessoas a nossa existência, mas tem uma hora em que as nuvens se afastam e volta o sol a brilhar, e conseguimos vislumbrar uma leve luz da razão de tudo o que estamos a passar. Com tudo isto, o que quero deixar aqui escrito, é que por mais que possamos amar alguém, ou ter um leve envolvimento, ou até mesmo trabalharmos em determinado sitio, tudo tem uma razão de ser, nada acontece por acaso, e o que temos de fazer é tentar encontrar essa razão, que normalmente está dentro de nós... basta procurarmos bem lá no fundo, nas memórias que estão guardadas e muitas vezes esquecidas, tapadas com acontecimentos mais recentes, encobertas com outros acontecimentos que se foram sobrepondo uns sobre os outros e nos transformam em alguém diferente, mais crescidos, com mais aprendizagens... 
há que olhar bem, para ver mais longe!

1 de outubro de 2010

Flutuar...


Flutuar nas tuas palavras,
senti-las como minhas...
Deixar-me embalar na emoção do passado
sentir o leve beijar dos teus segredos
num sussurro baixinho no meu ouvido
Fechar os olhos...
e elevar-me no sonho
e na fantasia…
Deixar amar-me lentamente…
Perder-me nas sensações
que descompassam o meu coração
e alegram a alma!

Olhar o mundo como tu...

Tocar levemente a luz do sol
Sentir na pele o seu calor
Brincar na chuva extasiada
Deixar que ela me molhe a alma
Acariciar as folhas de Outono
Que caiem na inspiração
Sorrir aos raios do luar
Como se pudesse tocar nas estrelas
Sentir o cheiro do mundo
Como quem canta uma canção
Adorar o que me rodeia
Sem para tal sentir razão
E, simplesmente ser e amar...

Sentimentos...

Sentimentos
Que cruzam o oceano da ilusão
Que se estendem no mar alto
Na luz do luar
Sentimentos
Distantes, escondidos
No fundo da alma
Numa réstea de tristeza
Ou numa fugaz alegria
Sentimentos
Que se alastram
Que fogem da vista mais além
Quando tentamos reter entre os dedos
Sentimentos
Que se entrelaçam em nós
Nos prendem e nos libertam
Sentimentos…
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