Ai de mim!... Que caminho solitária…
Canção proferida em silêncio nos meus ouvidos
Bafejada em ardósia de xisto preto
Sensações da alma, doce tentação
Toco levemente essas tuas palavras
Mornas, cadentes, escorridas como fel
Viciadas em doces venenos
Onde nascem arrepios no corpo que me toca
Oh! Destino cruel! Sangue derramado pelas ruas da dor!
Na escuridão de uma noite estrelada
Na conjugação divinal dos sentidos
Sinfonia embalada nas profundezas do ser
Incessante luta do sagrado advir dos tempos
Talhados em papel da mais pura seda
Grito! Solto as asas resplandecentes…
Alvas, imaculadas de um Anjo
Um dia perdidas por entre os pecados profanos
Abandonados na boca rosada, seca, sedenta…
De um simples toque, leve, sublime, perfeito!
Oh! Candura exultada no Olimpo
Fio de prata sem nome…
Resgatada do passado, onde te carrego no colo
Toco-te com minhas mãos (in)decentes
Percorrendo trilhos desconhecidos
Imortalizados nos sentires escarlates da alma
Sou violino afinado nos teus ouvidos
Melodia de encanto, que te seduz…
Com palavras, sons, sensações…
Que te percorrem o espectro em ondas de espasmos
Qual sereia inocente! De voz aguda e límpida
Que te arrebata numa dança enfeitiçada
Um bailado derradeiro, num enlace perfeito!