28 de julho de 2011

Caminho (im)perfeito!

Ai de mim!... Que caminho solitária…
Canção proferida em silêncio nos meus ouvidos
Bafejada em ardósia de xisto preto
Sensações da alma, doce tentação
Toco levemente essas tuas palavras
Mornas, cadentes, escorridas como fel
Viciadas em doces venenos
Onde nascem arrepios no corpo que me toca
Oh! Destino cruel! Sangue derramado pelas ruas da dor!
Na escuridão de uma noite estrelada
Na conjugação divinal dos sentidos
Sinfonia embalada nas profundezas do ser
Incessante luta do sagrado advir dos tempos
Talhados em papel da mais pura seda
Grito! Solto as asas resplandecentes…
Alvas, imaculadas de um Anjo
Um dia perdidas por entre os pecados profanos
Abandonados na boca rosada, seca, sedenta…
De um simples toque, leve, sublime, perfeito!
Oh! Candura exultada no Olimpo
Fio de prata sem nome…
Resgatada do passado, onde te carrego no colo
Toco-te com minhas mãos (in)decentes
Percorrendo trilhos desconhecidos
Imortalizados nos sentires escarlates da alma
Sou violino afinado nos teus ouvidos
Melodia de encanto, que te seduz…
Com palavras, sons, sensações…
Que te percorrem o espectro em ondas de espasmos
Qual sereia inocente! De voz aguda e límpida
Que te arrebata numa dança enfeitiçada
Um bailado derradeiro, num enlace perfeito!

22 de julho de 2011

Leve toque do meu corpo...

Oh! Toque irreal da minha imaginação!
Rasgo a roupa da tua pele, macia, doce…
E entrego-me  num abandono puro de sedução
Tacteando vagarosamente os dedos em cada curva tua
Desbravo caminhos, como uma onda do mar
Que se verte no teu corpo, um beijar de praia salgada…
Leve, tímido, delicado…
Toca-me! Embala-me! Nesse mar agonizado!
Com leves pinceladas de luz da tua alma na minha
Uma fusão celestial de orvalhos nascentes
Nascida no inconsciente da vontade em delírio
Que se agiganta desse fogo propagado por cada poro suado
Dá-me a paz! Dá-me a morte!
Rompe o círculo sagrado, oculto pelo derramar dos dias
Nesta criação infame da seiva que me consome as entranhas
Impregnadas de pecados capitais, cometidos...
Em loucos e intensos devaneios
Sou em ti… a rebentação constante, incessante, inconstante
A respiração ofegante pela ânsia de mais almejar
Alucinada pelo olhar que se evade para além do espírito
És–me a mão que me acaricia o peito desnudo
A boca que navega na minha pele
Num bailado místico dos sentidos, e abandono-me a ti…
Doce prazer escondido, proibido pelo desejo
Que os teus olhos sentem ao deleitar-se nas curvas do meu céu
Oh! Sublime expiação! Súplica intolerável!
Mergulho nas profundezas dessa torrente sôfrega
De olhos vendados pela volúpia cristalina,
Embriagada pelo perfume das rosas selvagens que exala dos corpos
Numa união perfeita de auras angelicais

Sou em ti… o leve toque do meu corpo!

19 de julho de 2011

Um pedido apenas!

Cantai, cantai, as harpas no universo imenso
Oh! Chama de um Deus perdido
Luz do meu olhar, fervor da minha carne
Dai-me a mão, num toque celestial
Como estrelas aladas da noite
Neste frio que o vento traz de volta
Embala-me a alma, numa sinfonia hipnotizante
Deixa tocar sem parar…
E faz-me juras de amor eterno!
Tocai, tocai, os sinos do meu coração
Oh! Beleza singela de um Anjo
Que de rosas me cobres, como vestes de veludo
Cor de púrpura, cor da paixão
Aquela que vagueia livremente pelas estradas solitárias
Das entranhas que me fazem tremer
Vestidas de grinaldas dos roseirais selvagens
Fecha os olhos e mergulha no sagrado perfume
Do meu corpo, escravo do pecado
Deste desejo voraz de apenas te tocar
Dançai, dançai, a valsa da meia-noite
Oh! Ave selvagem, de rugido felino
Leva-me a voar nas asas das tuas carícias
No calor que me enternece os seios
Dos abraços infindos que os teus olhos me enlaçam
Na pureza virginal de uma lágrima por derramar
Canta-me pela madrugada… palavras
De estremecer, da luxúria encerrada em teus lábios
De voz trémula, a sussurrar baixinho
- Dá-me apenas um beijo!

13 de julho de 2011

Perdida no teu aroma...

Moldo-te… desenho-te!
Deixo-me cair no abismo de mim...
Entre as paredes da minha oblacção
Entre os espaços esguios das minhas mãos errantes,
Que bailam ao sabor dos teus beijos… mortais,
Indeléveis, fatais, em tons de carmim
Que caiem como fragmentos suspensos do passado
Rodeias-me de palavras inocentes, num círculo vicioso, atónito
De conjugações profanas, num tormento sem (ar)rasto
Presa entre as correntes dos devaneios infligidos pela ternura
Dos sacrilégios invulgares provocados no sagrado altar
Do teu corpo, onde os meus dedos cometem pecados
Como fantasmas ancorando num porto sem destino,
De um qualquer universo perdido no ar que respiro (s)em ti!
Transfiguro a matéria viva do meu ser
Esse vulto (im)perfeito, incrustado no meu pensamento
Na luz dos teus olhos, brilhantes, iluminados
Desvirtuando a realidade perfeita onde te vestes de mim
O sangue fervilha-me na carne quente, sedenta, lasciva
Dessa maldição enviada pelos Titãs do Olimpo
Tornas-te na bebida mais doce, o mel onde me besunto
Doce tentação, louvor da minha alma
(im)pura, que se (re)veste de segredos e fantasias
Adocicadas pela impiedosa inocência
Desta queda (in)certa dos prazeres oferecidos
Adormeço em ti!

8 de julho de 2011

Apenas e só... um lamento!

Ai lamento! No rasgo das minhas mãos trago a angústia, as feridas, a palidez de ser... girando em redemoinho, contra ventos tempestuosos e agruras sem fim, por mares, ribeiros e rios ainda não atravessados, e em pés descalços me banho nesse leito de silêncio. Semeio palavras, mimos, sorrisos... um sem fim de doces lamentos, numa terra infértil, onde caminho acompanhada apenas com a minha presença. Atravesso desertos, montanhas, picos e vales e é sempre a neve mais dura se que derrete no fundo da alma. Fujo sempre, fujo de mim... não importa! Apenas se fecha o pano no final do desenlace fatal, no derradeiro minuto contra todas as vontades, os vícios, os defeitos, que se levantam em prol duma inocência corrompida pela tortura de um amanhã ainda não vivido, de um passado já ido, amarrotado pelas horas mortas do dia. E são horas, as contas que me passam pelos olhos cegos pelo cansaço de tanto ver! Serei eu, ou só uma mortal caminhante na estrada ingrata e árdua da vida?!... Vivo na ausência dos sons que outrora povoaram a minha vontade, vivo por entre os dedos da razão que se fecha e se cala, vivo neste véu inocente de fantasia estonteante, vivo no fervor do sangue que me escorre por dentro, toco-me a alma gritante pela dor lancinante da escuridão... Sou um tudo feito de nada, das paredes apertadas nas entranhas do peito, habitante dos fantasmas da outra era, fruto dos batimentos cardíacos de um coração impuro que parou no tempo! Agora que as sílabas parecem fugir-me, que as letras se repartem por outras palavras, formam outros parágrafos, outros sentidos (res) e dão as mãos longe de mim, abraço-me a mim... Abro as mãos, e já não tenho nada! Ai lamento!...

6 de julho de 2011

Segredos... ruídos da alma!

Oh! Indolência divina! Qual sonho de perdição!
Prostro-me diante da tua beleza
Infame, de vestes encarnadas
Exultai o corpo, cansado, exausto, perdido
De pisar as chamas do pecado
Temeria tua mão…
Se não fosse eu tão casta e virginal
Arrancando ao corpo, os desejos insanos
Das promessas (in)cumpridas
Que ardem nas labaredas do inferno
Qual Anjo incauto! De beleza tamanha!
De alma mais pura que a água
Em que me banho…
São meus dedos o sangue que percorre
Essa seiva que te lateja no corpo
Que bebo sofregamente do cálice da vida!
Enganas-me com esses olhos!
Negros como a noite, onde os sonhos vão (re)pousar.
Doce perdição, qual pecado sorvido
Nas entranhas devoradas pelo prazer…
Ai! Como estremeço ao ouvir a tua voz…
Qual melodia de Arcanjo!
Que me suga e esfolha o ser, pétala por pétala
Rasgando o véu da inocência lasciva
Num múrmurio lânguido de (des)amor
Desenhado no vermelho dos lábios
Suplicando ansiosamente por um beijo meu
No aconchego da minha mão entre as tuas...
Abres-me as pernas, como pórticos do Éden
e serves-te do repasto divino!
Mata-me! Nesse recanto escondido…
Onde foges para chorar a tua dor
Vinde! Que te sonhei outrora!
Por entre lamentos e gemidos
Nesse medo voraz que se alimenta de segredos!


Participação no tema de Julho
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