19 de outubro de 2010

A dor...

Aquela que arrepia a alma, amordaça a fala, embacia o olhar, entorpece os sentidos, os ramos de que são compostos os pilares da emoção… aquela que ronda suave e apaixonadamente a presa até ao momento de lhe saltar para cima, sem dar hipóteses de resistência, de fugir ao seu encalço…aquela que estremece as noites quentes de verão, quando o inverno invade as nuvens do sonho e da fantasia, numa trovoada sonante, capaz de ensurdeceder as vozes uivantes do corpo dorido, que se estatela duramente no chão… a dor, o incontrolável fel, que sem permitirmos, se alastra rapidamente por cada centímetro de pele numa erupção incandescente, estraçalhando todos os caminhos curvilíneos do coração, que pulsa num ritmo acelerado, sem parar para descansar… aquela que em soluços transbordantes, como um rio que sobe as margens, rebenta em torrentes cristalinas, e num abraço apertado, chega a doer no corpo o que circula apenas nas veias da mente…

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