8 de novembro de 2011

Sim, sou eu...

 Sim, sou eu, aqui, e agora, sou sempre eu, profunda, nas palavras, nos sentires, nas descrições, na beleza com que desenho palavras nas mãos e as carimbo neste papel negro. Sim, profunda, provinda das profundezas do eu que procuro desde os primórdios dos tempos, sempre nas entrelinhas que digo e não digo, sempre emtre a ferrugem do tempo, porque tudo se reduz ao segundo que se vive ou deixa de viver.. Sim, sou eu, nas mesas onde me sento e na cama onde como a carne esquecida, deflorada nas eras antigas. Sim, sou a outra parte de mim, que ficou presa na outra encarnação, e que não quis vir dar o ar da sua graça neste chão frio que piso. sim, sou eu, aqui no agora, no ontem que fui, no amanhã que talvez seja, sou eu, nos buracos enquadrados na estrada esfarrapada do asfalto que teimo em trilhar. Sou eu, fonema sem som, peça descarrilada que encrava o mecanismo dos tempos. Ah!... Ventos de todos os lados, onde me rebento de dor, alusão sem fim neste espaço esguio, não alinhado pela moral das paredes inertes do passado. Quiça, serei eu, aquela alma que viajava no futuro procurando-me no passado já morto e enterrado debaixo das águas turbulentas que me regem a vida. Esta, escolhida nos trilhos do inferno, por um deus menor, eu que apenas rejo uma orquestra sem músicos, onde os sons apenas soletram as letras de uma pauta apagada, onde a terra se perdeu no caminho de ninguém, fugindo às (in)transigências continuas de um movimento parado da roleta russa, aquela de uma só bala, de apenas um tiro certeiro, o ponto final, numa estrada sem retorno, e sem fim, uma passagem leve por um rio que corre sempre sem parar, mesmo que o fundo se esgote na tinta de luz que carrego nos olhos. Espelho vidrado de reflexos inexistente. Rendição da misericórdia que a alma proclama além do céu, numa espécie de existência infinita a que estou presa, nó desatado de enlace apertado. Passeio-me nas lágrimas que se vertem das concavidades visuais, e transformo-me em sorrisos mortais. Sim, sou...a outra de mim!

3 comentários:

Penélope disse...

E por mais que tentemos nos definir há sempre algo por se descobrir e redesenhar.
Gostei demais dos textos.
Abraços, minha linda!!!

Secreta disse...

Tu e só tu... de várias formas e feitios ... em constante mutação. Mas sempre tu, em pleno Ser.

Sotnas disse...

Olá Sus, desejo que tudo permaneça bem contigo!

Penso que assim somos nós humanos, apesar da evolução constante, de sempre estarmos nos reinventando, a essência segue sempre a mesma, cada qual único a sua maneira!

Deveras agradável estar por cá e ler teus belos pensamentos em palavras, sensíveis e expressivas palavras!

E grato por tuas visitas e amizade deixo meu desejo que você e todos ao teu redor tenham um intenso e feliz viver, enorme abraços e até mais!

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